Cassius Frigulha, primeiramente, suas ofensas não foram só à enfermagem – a mais bela das profissões –, na qual você pelo que demonstrou publicamente, não apresenta sequer requisitos de exercê-la, porque para nós – profissionais de enfermagem nas distintas categorias –, o paciente, sua família e a população são preciosos.

As duas profissões em tela – enfermagem e medicina – DEVEM exercer a profissão respeitando a dignidade da pessoa humana e este respeito ao ser humano é desde a concepção até depois da morte – são palavras que constam em ambos os juramentos. Cassius, você se lembra do juramento feito? Recomendo reler o Juramento de Hipócrates. Sim, volte ao início! Saber por quê? Com as suas palavras ofensivas você rasgou os princípios da sua profissão, excluiu o seu juramento da própria memória, expôs seus pais, família e a instituição que trabalha... e o mais grave desrespeitou a dignidade das pessoas – que pelas mais diversas razões podem vir a ser pacientes algum dia – necessitando de cuidado e conforto, dentre eles a higienização íntima.

Que pena que na história você está marcado pelo desrespeito àqueles que pagam o seu salário. Isso mesmo? Você é pago pelos pacientes e todos eles – e você também – tem a mesma anatomia, fisiologia, portanto excretas! Então, enfatizando o dizer: você está registrado na história! Sim, está registrado, mas ao contrário dos profissionais de saúde que marcaram pelas suas ideias, inventos, conceitos, teorias, produções. Você poderia ter sido marcado e ser uma referência na modernidade pelas conquistas mais caras que alguém pode galgar: aquelas relacionadas à ética, à humanização, ao respeito, ao viver e conviver: entre o profissional e o paciente e sua família; o profissional e seus pares; o profissional e a equipe de saúde. Trabalhar na área de saúde vai além dos poucos verbos que você citou.

Na minha trajetória profissional conquistei alguns títulos acadêmicos: Graduação em Enfermagem, Especialização em Saúde Pública, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado, somando vários anos de formação, certamente, muito mais que os seus 12 anos; mas nestes anos, as titulações acima não me legitimam a desrespeitar aquele a quem dedico o cuidar.

Cassius, pelo seu comportamento e palavras publicadas, certamente é um profissional do fazer técnico, pois citou apenas verbos de ação técnica: “intubar, prescrever, diagnosticar e tratar“. Este modelo técnico de aprendizagem e atuação há muito é questionado, mas infelizmente ainda nos surpreendemos com este lado medonho do tecnicismo que desconhece a integralidade humana. Seus 12 anos de estudo estão na linha contrária da história... Sabia?

Cassius pode nos responder em quais suportes teóricos e conceituais você respalda as suas ações? Sim, sabemos que a aplicabilidade científica requer uma base conceitual e teórica. Recomendo algumas referências para que possa compreender a integralidade humana, quais sejam: as teorias da enfermagem que destacam o ser humano e o cuidado (Hildegard Peplau, Martha Rogers, Dorothea Orem, Mira Levine e muitas outras). Recomendo também algumas referências escritas por médicos respeitados, realmente doutores, que abordam o ato do cuidar: Emerson Mehry, José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres, Laura Camargo Macruz Feuerwerker. Citei apenas alguns Cassius para te alertar a buscar conhecimento, e indicando as referências destes doutores que entendem sobre o cuidado. É URGENTE! Você precisa!

Cassius se deseja sucesso profissional doravante, chegou a hora de rever a sua formação porque estes 12 anos tem retrocesso de aprendizagem e atuação. Ah! O tempo de formação, nas concepções atuais, não tem quantidade de X anos de formação; a formação não tem limite; seremos sempre aprendizes. Ou seja, 12 anos não deixa nenhum profissional pronto, e a enfermagem sabe disto, nós profissionais estamos sempre nos atualizando. Releia acima e veja a minha trajetória de titulação acadêmica e de inúmeros colegas.

Por isso, esqueça os seus anos de formação... URGENTE! Você precisa! Quem fez este diagnóstico? Quase 2 milhões de profissionais de enfermagem que você ofendeu e a sociedade que não para de se manifestar sobre Cassius Frigulha.

Onã Silva, A Poetisa do Cuidar: graduada em enfermagem, especialista, mestre, doutora e pós doutora, profissional que ama o cuidar e eterna aprendiz

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A autora Onã Silva, A Poetisa do Cuidar realizou doação de 1 exemplar do livro "Cordel do Trabalhador: do labor até o burnô" (publicado com recursos do FAC/Secult/GDF, à professora e contadora de histórias Queila Branco (ganhadora de sorteio do livro)