CÁRCERE
Detrás de portões de bronze
Cerrados com ferrolhos de ferro
A vida se castiga na cruel agonia:
Homens escoltados pelo drama da
consciência e lembranças de atos.
Homens que olham para o sol que não
lhes sorri e estrelas fixas no horizonte
longínquo.
Homens vítimas de um momento
e escravos do destino
Presos num vaivém vicioso
À procura de liberdade!
Homens que escondem os próprios
rostos
Marcados com traços profundos de arrependimento
Disseminando tristeza,
Envelhecidos na amargura de esperar...
... a justiça dos homens, o perdão da sociedade.
Homens que se amargam
Vigiados por fuzis
Às vezes, esboçam um sorriso,
ora, sorriso tímido, imotivado,
sem expressão de alegria,
ora, sinistras gargalhadas
que ecoam o desejo de serem livres!
O cárcere está cheio de homens
Escravos do destino
Colhendo para si mesmos
Aquilo que semearam nos caminhos
Que aos olhos lhes pareciam bons
Mas seus olhos não viram
Que nas sementes havia ervas daninhas
Vieram então os dias maus
E as ervas transformaram-se em
arbustos temíveis
Em laços que aprisionaram aqueles
Que andavam, sem rumo, pelos caminhos.
A agonia espalha-se nas celas
Domina tudo ao derredor
Escala os muros
Consome, vorazmente, a réstia de
esperança
A agonia - é o cárcere desses homens
Obcecados por pensamentos
intranqüilos
Perseguidos pela culpa!
No cárcere, os homens choram
Pelas mãos desconjuntadas dentro de
algemas frias
E acenam para o alto
Clamando socorro ao vento
Soletrando LI-BER-DA-DE
Temem não serem atendidos
Porque a liberdade que anseiam
Não é simplesmente a palavra
Mas aquela que verdadeiramente
Poderá torná-los livres
Livres para se olharem sem marcas de
culpa
Livres para olharem para o inimigo
E vê-lo, sorrindo, clamando-lhes: meu
amigo.
(Poema extraído do livro "O Sol da Justiça", de Onã Silva)
Enviado por Onã Silva A Poetisa do Cuidar em 22/03/2010
Alterado em 22/03/2010