Retrato de um rosto enrugado
Eu não suporto ver Essas rugas que deformam teu rosto Outrora róseo, aveludado, Agora, tens faces retalhadas por sulcos Profundos Onde as lágrimas vencidas Jorram, incessantemente, trazendo-te Amargura E desfilam escoltadas pelo silêncio Tenebroso Silêncio de morte Morte da alma! É triste vê-lo longuínquo Esquivando-se do afeto dos seus Somente a balbuciar: “estou legal” Frase tola! Quase inconsciente. Teus olhos te condenam São brasas vivas a te queimar... Fixos na fumaça que enrodilha como Serpente nas tuas vistas Fixos nas escórias da erva maldita! Tornaste-te desgraçadamente triste! Nem cadeias, nem grilhões Podem deter teu clamor estridente Pelos montes Vagueias pelos sepulcros, Despido, Ferindo-te com pedras Pedras que te torturam Até à alma Dia e noite Por que te matas, assim, lenta (mente)? Tenho pena de ti Fingindo seres feliz e Torturando-te com estas pedras Não és feliz! Teu sorriso não passa De um esboço sombrio E a alegria que tentas demonstrar É o retrato da angústia da tua alma! Venha você! Ajude-me a salvá-lo Não se ria do seu corpo magérrimo Nem dos seus olhos protusos e vermelhos Por que se esquiva? E se ele for seu filho caçula ou o primogênito? Ou seu irmão, ou mesmo seu pai, ou esposo? Sim, pode ser! Ele está á beira da morte Assentado entre cadáveres do vício Na mais assombrosa escuridão E sem Deus. Tenho pena desse rapaz que há mais de dez anos está assentado entre os cadáveres do vício, à beira da morte e sem Deus. Poema publicado no livro O Sol da Justiça, da minha autoria Onã Silva A Poetisa do Cuidar
Enviado por Onã Silva A Poetisa do Cuidar em 05/04/2010
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |