Ser mãe é uma surpresa diária
Quando eu não era mãe, eu não sabia da emoção que surge naquela hora sagrada do primeiro encontro com alguém tão pequeno, mas capaz de encher o coração da gente de tamanho amor: o bebê-filho.
Quando eu não era mãe, eu não sabia da chuva de emoção que brota dos olhos de todas as mães e que a partir da vivência da maternagem o mundo torna mais desanuviado.
Quando eu não era mãe, eu não sabia que exercer a maternidade é o processo mais didático para ensinar alguém o que significa realmente a palavra amor.
Quando eu não era mãe, eu não sabia da chuva de encantamento que toda mãe vivencia diante do momento mágico de ter o seu nome transformado na palavra mais sonora que existe: “mamã”.
Quando eu não era mãe, eu não sabia que as mães são visitadas por um anjo brincante que ativa os sentimentos de alegria, energia, espontaneidade e criatividade.
Quando eu não era mãe, eu nunca tinha experimentado uma chuva torrencial de emoções que é a força motriz na criação dos pupilos de hoje e gente grande de amanhã.
Quando eu não era mãe, eu não sabia que toda mãe precisa fabricar o seu próprio relógio do tempo para administrar a vida cheia de sentido que passa a viver sendo mãe-mãe, mãe-profissional e tantas outras vivências que ela está além de ser mãe.
Quando eu não era mãe, eu não sabia que a mãe precisa estar sintonizada na cosmovisão espiritual para ensinar valores, respeito e outros aspectos formativos a (o) filho (a) que está em processo de formação integral.
Quando eu não era mãe, eu não sabia que a mãe-profissional de saúde esquece as teorias e vive como mãe-comum: prescreve remédios milagrosos que fazem efeitos imediatos (chazinho, beijinho, colinho) para curar um simples dodói ou até uma formidável cobertura de amor para sarar os machucados mais sérios.
Quando eu não era mãe, eu não sabia da chuva de inspiração que estava reservada a toda mãe-poeta; e que uma vez sendo mãe, não pára de poetar à sua obra-prima e constante rima: o (a) filho (a).
Quando eu não era mãe, eu não sabia que ser mãe é exercer tantos papéis, infinitas ações, surpreendentes lições e viver amor demais.
Mas, qual a mãe que já sabia antecipadamente o quanto é bom ser mãe?
Ser mãe é uma surpresa diária.
Ser mãe é experimentar sentimentos paradoxais: sensibilidade e coragem sempre à fina flor da pele que rejuvenesce na presença do (a) filho (a).
Ser mãe é viver em eterna aprendizagem, a experiência é a escola que concede esta mais alta insígnia às mulheres.
Hoje eu sou mãe.
Sou uma mãe mergulhada no mundo encantado das crianças.
Sou uma mãe abençoada diariamente pelo ritmo da chuva que mais chove dentro de mim – a alegria de ser escolhida para ser a mãe do nino cachos de ouro – definitivamente, ele alegra a minha vida.
Eu sou mãe e vivo uma experiência singular de sentir o gosto mais saboroso de ter o meu nome pronunciado de várias formas: mamã, mãe, mamãe, manhêêê.
Ser mãe é viver em estado plural no universo maternal: eu sou mãe e dentro de mim estão várias mães.
Brasília, 2 de abril de 2011 – inspiração na madrugada corujando o meu filho
*Onã Silva – mãe, enfermeira, docente ESCS/Fepecs, conselheira fiscal da ABEn-DF, arte-educadora, escritora e autora do livro “Miriã, uma Enfermeira Bambambã”
Enviado por Onã Silva A Poetisa do Cuidar em 01/07/2011
Alterado em 31/03/2014